Portos movimentam mais de 10 mi de toneladas no primeiro semestre
08/07/2020

Realidades diferentes marcaram desempenho em ambos os terminais e alguns produtos tiveram desempenho excepcional nas exportações, apesar da pandemia

Os Portos Fortaleza (Porto do Mucuripe) e o Terminal Portuário do Pecém movimentaram no primeiro semestre deste ano mais de 10 milhões de toneladas de cargas. O Porto do Mucuripe experimentou um crescimento na movimentação de cargas em geral de 9% no primeiro semestre de 2020 (1S20), o que corresponde a 2,34 milhões de toneladas até agora. O volume já representa 53% de tudo o que foi movimentado em 2019 (4,4 milhões de toneladas).

Em lado oposto, o Terminal Portuário do Pecém, no mesmo período, ficou 10% abaixo em relação ao mesmo período de 2019, tendo movimentado 7.865.481 toneladas (870.318 t a menos que no primeiro semestre do ano passado). Importante destacar que o Pecém movimenta volume maior de carga.

O granel sólido foi a carga mais relevante na composição dos índices em toneladas, participando com 52% ou 4.060.716 t, seguido da carga contêinerizada com 26% (2.059.753 t), carga geral solta com 19% (1.529.438 t) e do granel líquido com 3% (215.574 t). A navegação de longo curso teve resultado 5% abaixo do mesmo período de 2019 (3.872.534 t).

Embarques
Em relação aos embarques de longo curso, os destaques nas movimentações foram as placas de aço (1.249.402 t); minério de manganês (104.744 t); frutas (47.195 t); máquinas, aparelhos e materiais elétricos (26.742 t); preparações de produtos hortícolas (22.153 t), dentre outros.

No entanto, o Pecém apresentou resultados positivos no que se refere a movimentação acumulada de contêineres no 1S20, que registrou a marca de 151.717 TEU (95.343 unidades), crescimento de 3% em relação ao resultado obtido no mesmo período de 2019.

No longo curso, o crescimento foi de 58%, passando de 7.996 TEU em 2019 para 12.632 TEU em 2020. Em toneladas, a movimentação de cargas contêinerizadas apresentou um aumento de 1% ante o ano de 2019, totalizando 2.059.753 toneladas.

Segundo Raul Viana, gerente de Negócios Portuários do Complexo do Pecém, este resultado de 58% na movimentação acumulada de contêineres, entre o Pecém e os portos de outros países, levou a companhia a perceber que “a nossa presença, enquanto equipamento integrado ao mercado logístico global, aumenta a cada ano”, afirma. No cômpito geral, enquanto os desembarques de carga caíram 15%, de 6.342.140 t em 2019 para 5.372.638 t, em 2020, os embarques tiveram um aumento de 4%, de 2.393.659 t em 2019 para 2.492.843 t em 2020.

Frutas (casca de frutas, cítricos e melões) registraram um crescimento excepcional no 1S20 em comparação ao primeiro semestre de 2019 (1S19), atingindo 302%. Em 2019, a queda no embarque desses produtos em relação ao 1S18 havia sido de 53%. Máquinas, aparelhos e materiais elétricos também registraram crescimento de exportação pelo Pecém de 111% no 1S20, mesmo o volume sendo inferior ao registrado em 2019 com relação a 2018 (460%). Obras de pedra, gesso, cimento, amianto e mica cresceram 621% (2020/2019)) e leite, lacticínios; ovos de aves e mel natural (242%). “O crescimento da exportação dos produtos de material de construção deve ter sido favorecido pelo forte fechamento da cadeia no estado do Ceará oriundo dos decretos de isolamento social decorrentes do coronavírus”, calcula o economista David Guimarães, analista do Observatório da Indústria (Fiec).

Outros produtos mais exportados pelo Pecém foram ferro fundido, ferro e aço, que apresentaram crescimento de 14% no 1S20; minérios, escórias e cinzas que não foram exportados ano passado e entraram como um dos principais grupos de produtos embarcados pelo Porto em 2020. “Observe que, apesar da queda no ritmo a partir de março, o grupo de produtos ainda assim apresenta um crescimento significativo nas exportações. Ressalta-se ainda que o principal destino das placas de ferro foram países desenvolvidos, majoritariamente os EUA (51%)”, diz Guimarães

Bons ventos no Mucuripe levaram Porto a crescimento de 9%

Mesmo com cenário econômico adverso, o Porto de Fortaleza registrou alta de 9% na movimentação de cargas, puxada pelo trigo, escória, clínquer, manganês, magnésio, vergalhão, tarugo de aço e os derivados de petróleo. De janeiro a junho deste ano, os granéis sólidos responderam por 46% de tudo o que foi movimentado e os granéis líquidos por 45%. No mesmo período, ano passado, granéis sólidos registraram alta de 43% e líquido 48%. A carga geral se manteve estável em 9%.

De acordo com a diretora-presidente da Companhia Docas do Ceará, engenheira Mayhara Chaves, o crescimento contínuo do granel sólido neste ano possibilitou ao Porto de Fortaleza igualar a movimentação de granel líquido observado em 2019, que encerrou aquele ano liderando o volume de cargas. Operadoras que atuam no Porto de Fortaleza foram responsáveis pelo bom desempenho nas exportações.

A Multlog experimentou crescimento de 50% no 1S20 na comparação com igual período de 2019; enquanto que a Termaco movimentou em torno de 150 mil toneladas de cargas, entre granéis sólidos, produtos siderúrgicos e carga geral, com destaque para as operações de descarga de petcoke para as cimenteiras Votorantim e Mizu, vergalhões e tarugos da Gerdau Aços para o Peru e a China, e alimentos (farinha de trigo, massas e creme vegetal) do grupo M. Dias Branco para países da América do Sul.

A BF Fortship, outra operadora no Mucuripe, também respondeu pelo bom desempenho dos granéis sólidos (não cereais) no Porto de Fortaleza, com o manganês, alcatrão e BTX, além de partes eólicas e contêineres. Foram 103 mil toneladas no primeiro semestre e outras 14 mil unidades de contêineres. Para o segundo semestre, a expectativa é de movimentar mais 152.800 toneladas (incluindo produtos siderúrgicos), além de 22 mil unidades de contêineres.

 

Fonte: O Otimista